Internet 2020: cresce a liderança dos smartphones
Internet 2020: cresce a liderança dos smartphones
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Uma análise dos dados de 2020 do Bareme Internet, a publicar proximamente.
Grupo Marktest
8 setembro 2020
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Os dados 2020 do Bareme Internet, a publicar proximamente, dão-nos a conhecer a evolução na relação dos portugueses com a Internet, comparativamente a 2019, e também no evolutivo histórico de mais de 20 anos de realização regular deste estudo de referência.

Com a progressiva massificação da utilização da Internet, em que alguns segmentos sociodemográficos já atingiram praticamente o pleno de acesso, não se esperariam evoluções acentuadas na paisagem online nacional, no espaço de um ano. Ainda assim, alguns detalhes são assinaláveis quando analisamos o desempenho específico por plataformas – PC, mobile phone, tablet ou outras.

O primeiro destaque vai para o ligeiríssimo aumento do acesso à Internet (1 ponto percentual de aumento), entre as duas edições do estudo. Em 2020, 76% dos portugueses com 15 e mais anos têm agora acesso (mesmo que esporádico) à Internet em pelo menos uma das seguintes plataformas: computador (particular ou profissional), telemóvel ou tablet. Em 2019, esse valor era de 75%.

Figura 1 – Cobertura geral de Internet e cobertura regular de páginas web – Bareme Internet 2019 e 2020

Se nos focarmos no subconjunto dos portugueses que visitam sites com alguma regularidade (pelo menos uma vez por mês), estes representam agora 74% do universo em estudo, tendo tido um crescimento de 2 p.p. desde o ano anterior.

Neste artigo analisamos alguns dos principais dados, relativamente a este último grupo: portugueses que acedem a sites pelo menos uma vez por mês, o qual constitui a base do netAudience, que publica mensalmente as audiências web auditadas em Portugal.

Figura 2 – Cobertura geral de Internet e cobertura regular de páginas web
Mais utilizadores regulares e afirmação do mobile phone como líder

Dos dados agora disponíveis, destacam-se dois pontos, comparativamente aos resultados de 2019: os crescimentos desiguais por plataforma e o aumento de sobreposição.

No ligeiro crescimento global de portugueses com utilização regular da Internet (+2 p.p.) destaca-se o avanço do smartphone como líder (66%), que assim aumenta a distância a relativamente ao computador pessoal (61%).

No conjunto, o crescimento de internautas é inferior ao crescimento das plataformas, o que implica que uma parte relevante dos novos internautas regulares numa dada plataforma já o eram noutra, o que implica um aumento do número médio de diferentes plataformas usado.

Ligeiro aumento da cobertura de Internet

Da anterior para esta edição do Bareme Internet, o número de cibernautas regulares (pessoas com 1+ acessos mensais a páginas web) cresceu 2 pontos percentuais, chegando agora a 74% dos residentes em Portugal Continental com 15 e mais anos.

Neste intervalo de tempo, registou-se um aumento de utilizadores regulares nas duas principais plataformas, com especial ênfase para o mobile phone (+ 5 pontos percentuais). O tablet, que já apresentava valores de crescimento relativamente marginais, não apresenta evolução detectável no estudo de 2020, após um crescimento, lá mais atrás, que atingiu o seu pico em 2016.

Mobile phone aumenta a predominância

A afirmação progressiva do mobile vai-se manifestando em vários indicadores. Nos dados site-centric auditados pela Marktest, esse crescendo é patente, por exemplo, no volume bruto de pageviews do conjunto de entidades auditadas pelo netAudience.

Nesta métrica, o share do mobile ultrapassou pela primeira vez os resultados de PC em Agosto de 2018. Sendo Agosto um mês de pico para o acesso internet via mobile, devido às férias, o computador recuperou a liderança logo no mês seguinte, mas apenas temporariamente. Em Dezembro do mesmo ano (outro mês habitualmente alto para o tráfego mobile) os pageviews gerados por equipamentos móveis voltaram a ultrapassar os de PC. Mas, desta vez a liderança já não foi episódica, mantendo-se (e aumentando) até ao momento presente. Em Julho último, o mobile gerou 56% do total de pageviews auditados, num período que parece apresentar agora alguma estabilidade de quotas de tráfego.

Figura 3 – Evolutivo de pageviews auditados, gerados a partir de Portugal (dados site-centric do netAudience)

Desde a data dessa conquista, o percurso de liderança progressiva do telemóvel, como plataforma de acesso à internet, vai-se alargando a outros indicadores. Embora, em 2018, liderasse o acesso em pageviews gerados, ainda perdia para o computador, relativamente a utilizadores regulares (PC - 55%, phone - 52 %). No ano seguinte, a ascensão do mobile levou esta plataforma a conseguir também o pódio de pessoas, passando a liderar agora também nos utilizadores regulares de páginas web (61% do universo para 60% via computador pessoal). Mais um ano passou e os dados mais recentes do Bareme Internet revelam agora uma liderança já destacada (66% para 61% do PC).

Análises demográficas da Cobertura por plataformas: crescimento nas franjas

O crescimento no número total de utilizadores regulares de web não se distribui uniformemente pela população, como seria de esperar pela assimetria já existente no passado.

A análise gráfica seguinte sumariza a evolução dos internautas regulares de 2019 para 2020, nas várias plataformas estudadas, e analisa os resultados por Sexo, Idade e Classe Social.

Figura 4 – Cobertura regular de Internet 2019/2020 para Multiplataforma, PC, Phone e Tablet, com desagregação sociodemográfica.
Fonte: Bareme Internet 2019 e 2020

A liderança do crescimento, conseguida pela plataforma mobile phone, ocorre em praticamente todos os segmentos sociodemográficos. No extremo oposto temos a plataforma tablet, que além de estagnar ao nível global, apresenta um recuo visível nos segmentos mais jovens.

Como é visível nos dados multiplataforma (1ª coluna de gráficos), muitos dos segmentos demográficos das variáveis analisadas apresentavam já uma cobertura quase plena no ano anterior. Assim, os crescimentos detectados para 2020, são naturalmente mais expressivos nos segmentos com menor cobertura anterior. São os casos de faixas etárias mais velhas (com aumentos de 5 p.p. nos segmentos 45-54 anos e 55-64 anos) e de classes mais baixas (C1 e 2).

Sobreposição de plataformas continua em crescimento, mas mais lento

A análise gráfica seguinte ajuda a compreender a interacção entre as várias plataformas e a respectiva evolução de 2019 para 2020.

Os diagramas de Venn mostram uma diminuição de utilizadores exclusivos de cada plataforma neste intervalo de tempo. As áreas de cada círculo aumentam (ver a Figura 5), mas com um aumento proporcionalmente superior das áreas de sobreposição.

Por exemplo, de 2019 para 2020, a percentagem do universo que usa tanto PC como telemóvel para aceder à Internet, passa de 48 para 53. Já o segmento da população que acede à Internet exclusivamente por PC reduz-se de 13% para 9%. Apenas na plataforma mobile phone se nota um aumento do número de pessoas que o utilizam de forma exclusiva para acesso (13% para 14%).

A percentagem de cibernautas que usa tanto computador como telemóvel para aceder regularmente à Internet passou de 48% para 53%, constituindo agora o grupo maioritário de utilizadores.

Figura 5 – Diagramas de Venn representando a sobreposição de coberturas por plataforma
Fonte: Bareme Internet 2019 e 2020

No agregado de situações temos um aumento de sobreposição entre plataformas, o que resulta num aumento da percentagem de utilizadores de 2 e 3 plataformas, comparativamente a utilizadores monoplataforma. O gráfico seguinte ajuda a fazer essa leitura, ao quantificar a cobertura desduplicada dos vários níveis de sobreposição dos diagramas de Venn anteriores.

Figura 6 – Evolutivo 2019-2020 da cobertura desduplicada por plataformas do diagrama de Venn

No comparativo com o ano anterior, destaca-se o já referido crescimento no subconjunto [PC^Mobile phone] (de 48% para 53%). Com um crescimento menos expressivo (+1 p.p. que em 2019) temos os casos dos subconjuntos [Mobile phone] e [Mobile Phone^Tablet].

Essa contracção de utilizadores exclusivos de uma plataforma é especialmente acentuada no conjunto de pessoas que apenas usam computador para aceder à Internet. Este grupo tem uma redução de 4 p.p. (13% para 9%). Já na análise do ano passado, era também neste conjunto que se registava a maior redução, tendo sido então de 8 p.p..

Figura 7 – Evolutivo 2019-2020 do Share de Cibernautas por número de plataformas de acesso à Internet

Sumarizando por número de plataformas, constata-se que há um ano a percentagem de pessoas com acesso à Internet por uma única plataforma (independentemente de ser PC, smartphone ou tablet) era de 28%. Entretanto, esse segmento sofreu uma redução de 4 p.p., correspondendo agora apenas a 24%. De 2018 para 2019, a redução tinha sido de 10 p.p.

O acesso por duas plataformas continua a aumentar, englobando agora 56%, depois de, no ano passado, ter ultrapassado o marco simbólico dos 50%.

Mais utilizadores e com mais mobile phone

Os dados do Bareme Internet 2020 revelam, assim, uma tendência de ligeiro crescimento, com algumas especificidades que merecem destaque:

  • Ligeiro aumento do acesso à Internet, focado em alguns segmentos sociodemográficos
  • Manutenção da tendência de crescimento do peso do mobile
  • Continuação do aumento da sobreposição (aumento do nº médio de plataformas por cibernauta), já registado nos anos anteriores
  • Estagnação da presença do tablet, com alguns indícios de futuro recuo.
  • Para aqueles de nós que trabalham com dados site-centric e ad-centric, este ligeiro aumento médio do número de plataformas por internauta pode ter também um efeito prático a considerar: a possibilidade de, em alguns casos, um aumento de Uniques (Unique Visitors, Unique cookies, etc.) resultar de mais dispositivos utilizados, mas não necessariamente de mais indivíduos. O crescimento revelado pelo Bareme Internet 2020 aumenta a probabilidade de uma mesma pessoa usar agora mais equipamentos do que antes, no contacto com uma marca ou uma campanha online.

    Daí também a importância dos estudos contínuos de quantificação e monitorização das audiências (pessoas) de conteúdos online.

    Contacte-nos para mais informações sobre este assunto.

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    Vítor Cabeça
    Director Adjunto na Direcção de Estudos de Meios na Marktest

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