Portugal e a Espanha

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Luís Queirós,
Director Geral da Marktest
Se se vier a concretizar a intenção revelada no estudo que, no passado mês de janeiro, a Marktest realizou em Espanha para o Barómetro Marktest/DN, Portugal será invadido por um milhão de espanhóis que se deslocarão a Portugal para assistir ao Euro 2004.

Este é um primeiro estudo, ainda estamos longe do Euro 2004. Diz-se que de boas intenções está o inferno cheio, mas o resultado constitui uma primeira indicação de que as nossas estradas poderão ficar atulhadas de automóveis de matricula espanhola no próximo mês de Junho.

A realização deste estudo pela Marktest contraria uma tendência dos últimos anos: não existe o hábito de os portugueses realizarem estudos em Espanha, embora a contrária não seja verdadeira, pois os espanhóis, possivelmente interessados em conhecer os portugueses e os seus hábitos, realizam bastantes estudos em Portugal.

Nós conhecemos muito mal os espanhóis e parece que também não estamos muito interessados em conhecê-los. Temos uma vaga imagem de Espanha como o vizinho forte, misturada com alguma antipatia, um sentimento residual de uma ameaça da perda da independência, evocativa dos Filipes e de 1580.

A opinião dos espanhóis sobre os portugueses é mais benévola; a Espanha é um país multiregiões e Portugal, no contexto Ibérico, é comparado com as outras regiões e nunca é visto na forma dicotómica – Portugal versus Espanha- que nós nos habituámos a ver.

As empresas espanholas de estudos de mercado desde há muito que se interessam pelo mercado português. Isso será o reflexo do interesse que as empresas do país vizinho têm em conhecer o mercado português. Veja-se o caso da GFK, que chegou a Portugal através de Espanha, da Inner, da Sigma Dos, da Millward Brown... só para citar os exemplos mais significativos.

As empresas de estudos de mercado portuguesas têm capacidade e know-how para se estabelecerem em Espanha. Portugal precisa de conhecer melhor este mercado e nós podemos ajudar.
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