O Espelho da Nação O Espelho da Nação Luís Queirós, Chairman do Grupo Marktest e Presidente da Fundação Vox Populi reflecte sobre os resultados do Índice de Avaliação do Estado da Nação criado por aquela
Fundação com base em sondagem realizada pela Marktest. Grupo Marktest 21 dezembro 2010
Luís Queirós, Chairman do Grupo Marktest e Fundador da Fundação Vox Populi Os portugueses, entrevistados pela Marktest para este estudo concebido pela Fundação Vox Populi, fazem uma avaliação muito negativa do seu país. Numa escala de 0 a 200 - uma forma de recriar a velha escala académica de 0 a 20 - o "estado da nação" recebe a nota de 72 pontos (ou "7,2 valores" na escala de 20, se preferirem), nota que, nas classificações simplificadas das provas nos antigos liceus, deveria corresponder a "medíocre". É uma nota média, calculada a partir de um conjunto de catorze outras notas atribuídas a outras tantas dimensões, as quais, no nosso entender, caracterizam o desempenho de Portugal. Mas, sendo Portugal o conjunto dos portugueses (os que estão vivos, os que já partiram e os que hão-de vir, como definiu Hernâni Lopes), esta é uma forma reflexiva de os portugueses se auto classificarem. Será, pois, a imagem que o espelho nos devolve de nós próprios. O que se torna algo paradoxal, pois parece existir na nossa mente a distinção entre "nós" e os "outros" quando de portugueses falamos. E, concluo eu, serão os "outros" e não "nós" próprios que classificamos com estas notas tão baixas, ao verificar quão generosos somos, por exemplo, a avaliar a " Imagem que damos no Mundo", a mais elevada no conjunto das catorze. Será porque, nessa dimensão particular, estamos a avaliar ao mesmo tempo "nós" e os "outros"? E não aceitamos dar uma imagem negativa de nós próprios? E, ao atribuir nota "mau" à dimensão "Corrupção", estamos seguramente a falar dos "outros" ou de "outros" portugueses. E, finalmente, como explicar esta aparente contradição que está patente no facto de atribuirmos a nota "33" ao "Estado Económico do País" e a nota "85" à nosso própria situação económica individual? Como se cada um de nós se considerasse a única parte sã de um corpo em putrefacção! Foi este estudo realizado no primeiro semestre de 2010, tendo sido inquiridos cerca de dois mil e quatrocentos portugueses. Com a volatilidade e com a rapidez com que as coisas acontecem, poderá ser que esta avaliação, apenas alguns meses depois, já esteja desactualizada, tendo em consideração as convulsões financeiras que o mundo, e muito em particular o nosso país, tem atravessado. Mas o estudo vai repetir-se todos os anos, e isso vai permitir-nos aferir as mudanças. Este é o contributo que a Fundação Vox Populi quer dar a Portugal, colocando-lhe, à sua frente, um espelho onde se poderá mirar. Queremos contribuir para um melhor conhecimento de nós próprios enquanto povo. E esta é a nossa quota-parte para o esforço que acreditamos necessário para levantar, hoje e sempre, o "Esplendor de Portugal". Luís Queirós |
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