Uma década de pessimismo em Portugal Uma década de pessimismo em Portugal Os dados do Barómetro Político da Marktest, disponíveis no estudo Consumo em Tempos de Crise: Números e Expectativas dos portugueses, confirmam que nos últimos 10 anos os portugueses se têm mostrado pessimistas relativamente ao andamento da situação económica pessoal e do país. Grupo Marktest 28 fevereiro 2012 No seu Barómetro Político, a Marktest recolhe mensalmente desde há muito um indicador de expectativa económica, com o Índice de Expectativa, que resulta do tratamento das respostas a duas perguntas: "Pensa que daqui a um ano a sua situação económica e pessoal e a do seu agregado familiar será Melhor, Igual ou Pior?" e "E em relação à situação económica do país, pensa que daqui a um ano ela será Melhor, Igual ou Pior?". O índice varia entre 0 e 100, considerando-se que os valores abaixo de 50 expressam expectativas pessimistas face ao andamento da economia pessoal e do país e valores acima de 50 exprimem expectativas optimistas. Considerando os dados deste índice para os últimos dez anos, vemos que neste período a média anual deste índice nunca esteve acima de 50, o que significa que as expectativas dos portugueses têm sido sempre pessimistas. ![]() A análise mensal mostra que apenas em quatro momentos se registaram valores um pouco acima de 50, em Julho de 2004 (52%), Março de 2005 (57.6%), Abril de 2005 (53.2%) e Setembro de 2009 (54.3%). Em Julho de 2004 terminava o Euro2004 em Portugal e Durão Barroso acabava de anunciar a sua demissão para vir a presidir a Comissão Europeia. Neste mês, o índice de expectativa dos portugueses subia para os 52%, depois de em Maio desse ano ter sido de 38.6% e em Junho de 48.7%. Entre Março e Abril de 2005, novas eleições legislativas haviam ocorrido há pouco, depois de Jorge Sampaio ter demitido o Governo de Santana Lopes e dissolvido a Assembleia da República. No plano internacional, falecia João Paulo II. Nestes meses, o índice de expectativa foi também optimista, com 57.58% em Março e 53.17% em Abril. Depois desta data, só 4 anos depois se observou outro momento de optimismo: em Setembro de 2009, com 54.3%, num mês marcado por novo acto eleitoral, para a Assembleia da República a 27 desse mês, depois do primeiro mandato de José Sócrates em que havia obtido maioria absoluta. Os momentos de fim de ciclo político têm assim marcado as expectativas dos portugueses nos últimos anos. Em 2011, este índice registou o valor médio anual mais baixo da década, de 23.8%, com um mínimo histórico de 13.7% em Outubro desse ano. O índice tem mostrado que as expectativas face à situação económica pessoal e familiar têm sido habitualmente menos pessimistas do que em relação à situação económica do país. No entanto, nos últimos dois meses de 2011 essa relação foi inversa, o que pode significar que as dificuldades económicas estão a chegar mais perto dos portugueses, que assim se revelam mais pessimistas. Considerando este índice de acordo com o perfil dos indivíduos, vemos que as mulheres são mais pessimistas do que os homens e que os jovens são menos pessimistas do que os mais idosos. Entre as regiões, são menores as diferenças observadas. Tomando o valor médio destes dez anos, os residentes na região do Grande Porto mostram-se menos pessimistas, enquanto os residentes no Sul são os mais pessimistas. A intenção de voto legislativo é a variável que mais influencia este indice e a análise do gráfico mostra como em momentos em que o PSD está no Governo as expectativas dos seus eleitores se encontram acima das expectativas dos que tencionam votar PS, e vice-versa. A inversão das expectativas nos meses em que ocorreram eleições legislativas é claramente evidente neste gráfico, onde as linhas alternam conforme o partido que está no Governo (em Março de 2002 com o PSD, em Fevereiro de 2005 com o PS e em Junho de 2011 com o PSD de novo). ![]() Consulte o folheto de apresentação deste estudo onde encontra mais detalhe sobre as áreas temáticas abordadas e contacte-nos para mais informações. |
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