Marktest faz 25 anos
Grupo Marktest,  28 junho 2005

A Marktest completa este ano 25 anos de existência, motivo para uma entrevista com Luís Queirós, Presidente do Grupo Marktest, que nos fala dos primeiros anos da empresa e nos dá a sua visão dos próximos 25 anos.

Marktest.com Notícias (Mcom): Como surgiu a ideia de criar uma empresa de estudos de mercado?

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Luís Queirós,
Presidente do Grupo Marktest
Luís Queirós (LQ): A Marktest não foi um projecto planeado. A sua criação deveu-se a uma convergência de circunstâncias diversas. Acrescento que não são alheios ao projecto um certo gosto por fazer coisas e, possivelmente, uma certa atracção pelo risco. A esta distância, já se esfumam as razões, já se esbatem as motivações; surge com mais nitidez o caminho percorrido e não aquele que se planeou percorrer. E quando olho para trás sinto que se percorreu de facto um longo caminho e, ao mesmo tempo, sinto uma grande satisfação pelos resultados atingidos. Não digo que tudo tenham sido facilidades ou sucessos, mas tenho de reconhecer que muito se fez nestes 25 anos.
Este percurso foi um percurso de crescimento, marcado por ciclos de desenvolvimento e as razões para o sucesso estão ligadas, umas às opções tomadas e às apostas feitas, outras têm a ver com o empenhamento das pessoas que de uma forma ou de outra se foram juntando à volta do projecto...
Desde os primeiros anos que a Marktest se posicionou muito claramente no mercado da informação. Entender o negócio e as suas características, conhecer as necessidades dos clientes, avaliar os concorrentes, as suas forças e fraquezas terá sido um bom começo. Mas não se teria chegado onde se chegou se não tivesse havido a aposta na inovação e no software. O negócio da informação não se pode desligar da informática: informática e informação estão ligados da mesma forma que o corpo e a alma são indissociáveis.
Mas é a atenção ao cliente que é a chave do sucesso de qualquer empresa. Nas nossas empresas, o cliente foi sempre colocado em primeiro lugar, o nosso grande objectivo, mais do que satisfazê-lo, foi ser capazes de o surpreender - e isso nós conseguimos algumas vezes.

Mcom: E o nome da empresa - como nasceu?

LQ: Havia vários nomes em carteira, convinha ter diferentes alternativas para o caso de algum ser rejeitado. Tenho a ideia que este nome nasceu num pequeno brainstorming, e que terá sido a Maria Genoveva (Nestlé) que o apresentou.

Mcom: Quantas pessoas constituíam inicialmente a Marktest?

LQ: Na verdade, a Marktest nasceu apenas comigo. A Dra Rosa Amaro, primeiro em part-time, e a Isabel Rodrigues foram as primeiras pessoas a trabalhar na Marktest.

Mcom: Quem foi o seu primeiro cliente e que estudo encomendou? Quanto cobrou por ele - recorda-se?

LQ: O primeiro cliente foi a Nestlé. O estudo era um estudo de imagem junto dos retalhistas que vendiam os produtos da empresa. Era um estudo comparativo, em que se perguntava também sobre a Lever e, creio, sobre a Knorr. Esse primeiro estudo já foi tabulado com o primeiro Marktab, no primeiro PET (um computador de 32K) da empresa e, parte do relatório foi dactilografado por mim próprio. Este estudo terá sido orçamentado em cerca de 200 contos, o que era uma quantia já razoável para a época.

Mcom: Quando é que começou a sentir que a empresa tinha "pernas para andar"?

LQ: Logo no início, quando começámos a produzir o Bareme, o nosso estudo multimeios. Parece-me que foi aí que eu percebi que estávamos no caminho certo.
O negócio da media é particularmente atractivo por ser estável e por exigir uma tecnologia elevada - estou-me a referir ao planeamento. No início dos anos 80, essa tecnologia estava restrita a apenas alguns especialistas. Em Portugal havia um grande atraso e nós trouxemos inovação e investimos no desenvolvimento das ferramentas de análise e planeamento, primeiro o Marksel, depois o Telereport e os produtos associados. Essa foi a opção que esteve na origem dos êxitos subsequentes, tanto a nível nacional como internacional.
Para sobreviver no negócio da media é necessário um grande rigor e uma tecnologia avançada, ligadas a uma grande transparência e a uma independência inquestionável e foi isso que nós conseguimos ao longo destes últimos 25 anos.
O impulso da audimetria a partir de 1990 contribuiu também bastante para consolidar a nossa posição, pois permitiu que entrássemos numa área nova e que estava em grande desenvolvimento e necessitada de novas ferramentas de análise.
Quando surgiu esta oportunidade, nós agarrámo-la com unhas e dentes. Numa situação adversa e concorrencial, contrariando tendências, resistindo a lobbies, nós ganhámos e soubemos manter a liderança, o que só foi possível pela persistência e capacidade de abnegação das pessoas que na crise de 1998 souberam estar à altura dos acontecimentos.

Mcom: Nessa altura, pensava que a Marktest se tornaria num Grupo empresarial líder nos sectores em que actua e com uma forte presença internacional?

LQ: Vivemos hoje num mundo muito diferente. O nosso mercado já não é Portugal mas é o Mundo. Isto dito assim parece um lugar comum. Mas no sector dos serviços não existe mais lugar para o improviso, tudo se joga à escala planetária.
Em 1992 nós vendemos os primeiros programas (Marksel) para Espanha.
Mas o grande lançamento internacional teve lugar com a introdução do Telereport em França, na Mediametrie.
A nossa internacionalização não foi o resultado de uma estratégia deliberada, programada. Nós partíamos à descoberta, entusiasmados com cada nova conquista, sempre desejosos de ir um pouco mais além. Este mais do que nenhum outro foi um trabalho de uma equipe motivada, organizada, esforçada...
Hoje, através da Markdata, estamos presentes em mais de 25 países.

Mcom: Como é que perspectiva os próximos 25 anos do Grupo?

LQ: 25 anos é muito tempo na vida de uma empresa. Mas os próximos 25 anos são ainda mais importantes e são os próximos 25 anos que nós já estamos a preparar. Nessa preparação têm de ser considerados vários factores, uns de ordem técnica, outros de ordem organizativa. A empresa enquadra-se num contexto internacional muito dinâmico e muito competitivo. Os factores chave do sucesso continuarão a ser o entendimento do negócio, a capacidade de inovar e a ousadia de arriscar.

O rigor da informação tem sido e terá de continuar a ser o nosso lema. Essa é a base de tudo. A capacidade de processar e integrar a informação vai ser o caminho onde se vai jogar o sucesso. Nós temos a sorte de ter gente empenhada e capaz, que tem sabido desenvolver as ferramentas de sucesso. Mas é no serviço ao cliente que se vai fazer a grande diferença! A Marktest é a maior empresa portuguesa de estudos de mercado e tem obrigação de liderar. Já identificámos as áreas prioritárias e temos uma estratégia clara e bem definida para o futuro.

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