Os Portugueses estão a mudar os seus hábitos de audiência de Rádio
Encerra hoje o ciclo que a Marktest.com Notícias dedicou à rádio em Portugal e que mostra que, nos últimos anos, os portugueses mudaram os seus comportamentos de audiência de rádio.
Grupo Marktest,  27 março 2007

placeholderEncerramos com este 4º artigo a análise que tem vindo a ser realizada sobre o meio Rádio pela Marktest.com Notícias ao longo deste mês de Março. No presente artigo fazemos uma síntese geral a partir das análises que foram apresentadas, bem como traçamos o perfil dos ouvintes da rádio dos nossos dias.

O estudo de audiências de rádio em Portugal Continental, Bareme Rádio, surge em 1994. Começamos por relembrar o histórico da Audiência Acumulada de Véspera (AAV)1 desde essa altura:

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Como se pode verificar, em 2006 o número de Portugueses que ouve rádio diariamente é, ainda que ligeiramente, superior ao registado aquando do início do estudo.

Como exemplo de comparação, apresentámos o panorama deste meio na nossa vizinha Espanha. Relembramos no gráfico abaixo os valores de escuta diária de rádio neste país, registados entre 1997 e 2006:

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A perspectiva comparativa entre os dois países, permite concluir que não só a média de ouvintes em Espanha se tem mantido abaixo dos valores registados entre nós (54.8% para 57.4% em Portugal, 1997-2006), como também as variações do meio de ano para ano são mais acentuadas.

Analisámos também o modo como tem evoluído o peso do local na escuta regular de rádio:

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De forma clara se percepciona uma inversão de curvas relativamente aos locais em análise: entre 1997 e 2006 o consumo de rádio em casa decaiu cerca de 39%, enquanto que a escuta de rádio no carro subiu, no mesmo período, 65%. O automóvel é desde 2005 o local onde mais Portugueses ouvem rádio. Ou seja, a primeira evidência é a de que a Rádio tem deixado progressivamente o lar e passado para o automóvel.

Quanto à escuta no local de trabalho a realidade é a seguinte:

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Cerca de 10% dos Portugueses ouvem, diariamente, rádio no local de trabalho. Se nos restringirmos ao universo de ouvintes (aproximadamente 4.7 milhões em 2006), representam 18%.

Outro indicador apresentado e que reafirma a importância do papel que a rádio mantém no quotidiano dos Portugueses é o tempo médio de escuta diária. Vejamos na análise gráfica que se segue evolução deste indicador entre 1997 e 2006:

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A estabilidade evidenciada pela linha evolutiva é clara. Detalhando um pouco a abordagem, vejamos agora como se processa a evolução do tempo médio diário de audiência por local de escuta:

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Atendendo a que o carro é o local onde mais indivíduos ouvem rádio hoje em dia, é particularmente relevante que o tempo médio se tenha mantido próximo das 2h diárias ao longo destes 10 anos abordados. Por outro lado, o local de trabalho apresenta uma tendência de subida, reforçando valores já elevados, enquanto que em casa a ligeira descida verificada é bem menos significativa do que outros aspectos, nomeadamente o peso deste local no total da escuta de rádio, já abordado atrás.

Quem ouve rádio?

As análises que se seguem têm como base o indicador Audiência Acumulada de Véspera, e como fonte o acumulado anual de 2006 do estudo de audiências de referência para o meio, o Bareme Rádio.

Comecemos então por apresentar o perfil dos ouvintes da rádio dos nossos dias:

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Quanto à composição por sexo, comparando com a distribuição da população no universo total, podemos observar que o maior número de ouvintes são homens.

Relativamente ao escalão etário:

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Como demonstra o gráfico acima, fazendo novamente a comparação com o universo, os escalões etários que detêm o maior peso são os compreendidos entre os 15 e os 44 anos.

Continuando a análise do perfil dos ouvintes regulares de rádio, apresentamos agora a sua distribuição por classe social:

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Como podemos ver, a rádio é um meio com particular consumo junto das classes Alta, Média/alta e Média.

Por fim, vejamos o perfil tendo em conta o peso de cada uma das regiões Marktest:

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Nesta análise por região, vemos que o Grande Porto, Litoral Norte e também a Grande Lisboa têm um consumo de rádio superior à média nacional, enquanto que Litoral Centro, Interior Norte e Sul registam valores de consumo de rádio inferiores.

Conclusão

Assiste-se a uma reestruturação do meio rádio em função das novas disponibilidades tecnológicas de que dispõe. Tudo indica que a rádio do futuro (próximo) será algo diferente. Contudo, como demonstrámos ao longo destas análises, a rádio de hoje mantém o FM como o grande elo de ligação entre as estações e os seus públicos.

Desde o aparecimento do Bareme Rádio em 1994, as audiências de rádio têm conhecido normais oscilações trimestrais. Factores como a alteração sazonal de comportamentos, o surgimento/desaparecimento/reorganização das estações que compõem o meio ou mesmo a alteração dos ritmos e rotinas sociais, constituem plausíveis explicações.

Não obstante estas (naturais) oscilações, demonstrámos, inclusive numa perspectiva comparativa com o que se passa em Espanha, que o consumo anual de rádio em Portugal tem-se pautado pela estabilidade, reforçada por uma tendência de crescimento.

Terminamos, relembrando algumas conclusões relevantes:

  • Apesar das inúmeras transformações ocorridas no panorama audiovisual ao longo dos últimos anos, a Rádio tem-se mantido como companhia diária de perto de 60% do universo de 8.311 mil indivíduos residentes no continente, com 15 ou mais anos.
  • A estabilidade do meio não significa uma estagnação de comportamentos, mas sim uma adaptação da rádio aos seus ouvintes: a escuta tem deixado progressivamente o lar, contudo essa perda tem sido claramente compensada quer pela transferência para o automóvel, quer pela tendência crescente da escuta no local de trabalho; observa-se também uma tendência para a concentração da escuta em 2 períodos do dia - entre as 08:00 e as 10:00 da manhã e entre as 17:00 e as 20:00 da tarde - períodos normais de deslocação casa/trabalho e vice-versa;
  • O tempo médio de audiência diária de rádio em 2006 foi de 03:13(hh:mm). Ao longo dos últimos 10 anos esse valor tem-se mantido acima das 3 horas - este é um facto que reforça, com objectividade, o crescimento e consolidação da relação entre a rádio e os seus ouvintes.

NOTAS:
1 Podcasting - forma de disponibilização de programas de áudio, vídeo e/ou fotografias através da Internet. Estes conteúdos podem ser ouvidos/visualizados directamente a partir de um site ou após a realização do respectivo download. O termo podcasting deriva da junção de iPod - aparelho que reproduz ficheiros digitais - e broadcasting - meio de transmissão de rádio ou televisão.

2 Associación para la Investigación de Medios de Comunicación - www.aimc.es

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